As duas décadas de trabalho do Lar Assistencial São Francisco de Assis foram celebradas com festa na tarde desta quinta-feira. Para animar a comemoração, a banda marcial da Brigada Militar foi convidada. Cachorro-quente, bolo e refrigerante foram servidos aos idosos atendidos pela instituição, suas famílias e voluntários. Amparar pessoas com mais de 60 anos em situação de vulnerabilidade social é a missão da casa.

As festas, como a de ontem, são a atividade preferida de Vitalino Ferreira, 90 anos. As músicas antigas e sempre alegres acompanhadas de muita dança animam ele e os outros 27 idosos acolhidos. Levar felicidade à terceira idade é a principal função da casa fundada por Valesca Dias em 30 de setembro de 1997. "Foi ela quem largou a semente", fala Sônia Mascarenhas, 60, presidente do lar há 15 anos. Valesca não faz mais parte da entidade, mas o trabalho que iniciou segue sendo mantido por um grupo de 15 voluntários.

A instituição não atende os idosos 24 horas por dia - todos eles têm casa ou moram em asilo. Ela funciona como um refúgio da vida solitária e difícil que muitos deles têm. De terça a sexta-feira, das 13h às 18h, está de portas abertas para receber os idosos. Lá, eles ganham lanche e janta, fazem artesanato, exercício físico, assitem à televisão e ouvem música.

Outra atividade proposta e um dos diferenciais da casa é a espiritualização. O Lar São Francisco de Assis é, também, um centro espírita. A doutrina não é imposta a eles, mas a maioria dos acolhidos gosta dos momentos de reflexão realizados nos fins de tarde. "Eles sempre pedem para fazer uma oração", conta Sandra Levien, 56, voluntária há quatro anos. Quando necessário, os idosos têm acesso a atendimento médico e psicológico, ambos oferecidos voluntariamente. O lar também é um local para resgatar a autoestima e as dificuldades de socialização dos atendidos, explica Sandra.

Nelci Bohm, 81, frequenta a casa há quase oito meses. Antes disso, passava as tarde em casa com o marido. Hoje, depois de enfrentar a resistência para ir ao lar, confessa que seus dias são muito mais felizes. Acompanhada do esposo, participa das atividades de artesanato. "Ele fica do meu lado enrolando linha", brinca, sempre sorrindo. Já Inês Nickel, também de 81 anos, é veterana da casa. Está lá há sete anos e vai todos os dias que pode. Para ela, a vida não foi fácil. Viúva, nunca teve filhos e mora sozinha. Conta que trabalhou de doméstica por quase sete décadas. No lar, gosta de fazer tricô e crochê, atividades que aprendeu há muito tempo.

"É aqui que eu reencontro a felicidade". A frase de Janette Paz, 77, exprime o sentimento de todos que trabalham e são acolhidos pelo lar que frequenta há cinco anos. Ela, que teve 12 filhos, mora perto de três deles. "Na minha casa mesmo mora eu e minhas bonecas", fala. Gosta de ir ao local para se entreter e esquecer um pouco a realidade que vive e que passou. Adora, também, as "tias" que, segundo ela, são como mães. Dona Janette, inclusive, era uma das mais animadas da festa, como pode ser conferido no vídeo abaixo:

Dona Janette também adora as "tias", voluntárias da casa que são, segundo ela, como mães. Hoje, são 15 pessoas trabalhando nas partes espiritual e assistencial. Sônia afirma que a melhor parte da função é o amor que os idosos têm por quem os cuida. "Nós sentimos que estamos cumprindo a nossa missão", completa Sandra.

Muito trabalho, algumas dificuldades
A presidente do lar diz que o principal problema deles é não ter uma casa própria para a sede. O aluguel é pago com a contribuição mensal dos frequentadores do centro espírita. Os alimentos servidos aos idosos também são fruto de doações. Quem deseja contribuir, pode depositar qualquer quantia no banco Banrisul, agência 0320, conta corrente 41.858.747.0-8, em nome de Lar Assistencial São Francisco de Assis.